segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Horta Comunitária em Carcavelos

Em tempos de crise económica, e para evitar maiores crises sociais, as Juntas de freguesia, Câmaras Municipais e Institutos Públicos começam a disponibilizar e a fomentar o cultivo de espaços urbanos.
O conceito é simples, a Junta, Câmara ou Instituto divide um terreno em vários talhões, cada um desses talhões é atribuído a uma pessoa ou família que se tenha inscrito para o cultivar, em retorno a instituição recebe uma maquia anual pelo uso do terreno, ao mesmo tempo que envolve os munícipes em tarefas comunitárias e potencialmente ocupa de forma ordenada terrenos que até ali estavam ao abandono.


É a verdadeira entrega da terra a quem a trabalha!


Ora vejam aqui algumas fotos dum espaço no Bairro de São João, que até há pouco tempo era um baldio, e como foi aproveitado de forma exemplar pela junta de freguesia de Carcavelos.



Gostei do pormenor "Não traga animais para a horta comunitária, excepto cães guia", esta malta não se esqueceu de excepção nenhuma.




Todo o espaço é delimitado por uma cerca de madeira.




As zonas de passagem são cobertas por um tapete de gravilha, não vá alguem enganar-se no caminho e pisar as alfáces do vizinho.


Houve quem já tomasse posse do seu terreno, plantando alfaces e fazendo sementeiras de... couves? Bem o tempo também não tem ajudado.




Estas hortas são o sonho de qualquer agricultor: vedadas, fácil acesso, mesmo ao pé de casa, e até teem uma boca de água em cada talhão. E para que ninguem se queixe que tem de levar e trazer a sua enxada todos os dias, até teem uma casinha de arrumos, em madeira! A condizer com a vedação.

Mas parece-me faltar aqui qualquer coisa, se não raciocinemos. Horta Comunitária urbana, logo dentro de uma urbe, povoação. Nestes sitios de passagem há sempre quem não resita á tentação de saltar uma vedação de 80cm de altura e tomar para si, não digo roubar, mas apoderar-se do quenão é seu e que está mesmo ali á mão de semear.

Pois é, estou mesmo a ver a noticia de abertura do Jornal Nacional da TVI num destes dias, "Ti Jaquim acordou esta manhã sem tomates".



Horta Comunitária - A verdadeira história

Há alguns anos a esta parte que assisto à proliferação das hortas urbanas.  Sim sim, as primeiras hortas urbanas não foram idealizadas, muito menos projectadas pelo Exmo. Sr. Arq. Gonçalo Ribeiro Teles não senhor, foram os residentes anónimos das freguesias do conselho de Sintra,  que preocupadas com a erosão dos taludes do IC19, mais tarde também dos taludes da CRIL, decidiram construir verdadeiros exemplos de cultura de extensivo (em comprimento) de todas as espécies de couves de cortar, rábanos, milho, e até mesmo arvores de fruto e vinha. Claro que estas hortas alimentaram durante muitos anos famílias inteiras e garantiam ocupação dos seus elementos aos fins-de-semana,  no intervalo da missa dominical e a  hora de almoço, até ao dia em que decidiram alargar o IC19, cimentar os taludes e colocar tapumes a todo comprimento.
A história das hortas urbanas teria ficado por aqui, não fosse o advento da crise e o insistente loby do Sr. Arq. Gonçalo Ribeiro Teles, os institutos viram que era bom e apoderaram-se deste conceito ganhador. "E foi assim que nasceram as hortas urbanas" (Pag. 54663 da história de Portugal do Prof. José Hermano Saraiva).